O papel do jornal e das memórias dos alunos na construção da identidade de uma escola diferente: A Torre
Resumen
O presente artigo foi elaborado no âmbito do projeto INOVAR, o qual tem por finalidades traçar o percurso histórico e caracterizar o modelo pedagógico de um conjunto de escolas diferentes que se desenvolveram em Portugal ao longo do século XX. A Torre, aqui estudada, é uma dessas escolas. Trata-se de uma escola cooperativa, situada em Lisboa, que foi fundada em 1970 por Ana Maria Vieira de Almeida, nos anos finais do regime autoritário português, e que ainda se encontra hoje em funcionamento. A forma peculiar e criativa através da qual a fundadora e os educadores d’A Torre se apropriaram de vários elementos da tradição pedagógica «progressiva» dá a esta escola uma cultura e uma identidade únicas. O seu projeto educativo tem na pedagogia Freinet um dos seus mais sólidos pilares, com visíveis implicações em algumas das práticas educativas desenvolvidas, de entre as quais podemos destacar a realização de assembleias, o recurso ao jornal de parede ou a elaboração do jornal da escola com contributos dos alunos. A adoção de uma pedagogia cooperativa e a educação para a participação e para a democracia são elementos centrais do projeto educativo de A Torre. Este artigo procura refletir sobre o papel do jornal como experiência de self-government dos alunos e, em particular, sobre as memórias construídas por antigos alunos sobre a sua experiência de vida numa escola diferente a partir de um conjunto de testemunhos publicados no jornal comemorativo dos 40 anos da instituição. Procuraremos, em termos gerais, refletir sobre o papel das memórias na construção da identidade institucional.
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DOI: https://doi.org/10.14516/fde.662
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